segunda-feira, 4 de abril de 2011
Recentemente foi veiculada na imprensa nacional o caso de um Major do Corpo de Bombeiros de Alagoas que foi preso por criticar a estrutura oferecida pela Instituição Militar.
O Major indignou-se em uma entrevista sobre a estrutura oferecida pelo Governo para o Corpo de Bombeiros do Estado. "Bombeiro precisa de viatura. Quem é que não sabe disso?!", desabafou o oficial superior à imprensa e completou: "Há dezesseis anos que eu não tenho condição de trabalho. Esse capacete é meu".
Confira o vídeo da entrevista do Major:
Na ocasião, o Major defendia o trabalho realizado pelos bombeiros militares no combate ao incêndio no Pavilhão do Artesanato, que foi duramente criticado pela população por haver faltado água para apagar o incêndio.
Após a declaração do Major Carlos Buriti, do Corpo de Bombeiros de Alagoas, o Secretário de Estado da Defesa Social de Alagoas, Dário César, determinou a prisão administrativa do militar por 72 horas, a qual justificou, em seu Twitter, alegando que "organizações militares são fundadas na hierarquia e disciplina e (...) qualquer tentativa de sua inobservância tem que ser reprimida", twittou o secretário.
Caso semelhante
No Rio de Janeiro, um oficial intermediário também foi preso por enviar uma mensagem de texto para o Secretário de Estado de Saúde e de Defesa Civil daquela Unidade Federativa, reivindicando mais atenção e melhorias para o Corpo de Bombeiros fluminense. Contudo, o Secretário entendeu que os termos utilizados foram desrespeitosos e ofensivos", o que acarretou doze dias de prisão para o Capitão Lauro Cesar Botto Maia.
Liberdade de Expressão para os policiais e bombeiros militares
Apesar da livre manifestação do pensamento ser o pilar principal no qual se sustenta a democracia, já que a mesma está pautada no debate livre à procura da melhor tomada de decisão para o bem comum da sociedade, as Forças Armadas, bem como as Forças Auxiliares, têm esse direito constitucional muitas vezes combatido no interior das Instituições Militares, sempre alegando o desrespeito à "Hierarquia e Disciplina".
Vejamos a definição de ambos substantivos:
Como dito anteriormente, a liberdade de expressão é definida como direito natural na Carta Magna do País, sendo um direito fundamental, intransferível e inerente ao direito da personalidade e à dignidade da pessoa humana. O próprio Ministro do Supremo Tribunal Federal, Marco Aurélio, sintetizou a "liberdade de expressão" como um direito fundamental do cidadão, envolvendo o pensamento, a exposição de fatos atuais ou históricos e a crítica.
Contudo, as Forças de Segurança Pública, pautados em Regulamentos Disciplinares anteriores à Constituição Federal, insistem em cercear o direito inerente ao ser humano, considerando muitas vezes crime ou transgressão o exercício da liberdade de expressão, retrocedendo ao período inquisitorial, ou pelo menos impedindo que se alcance a democracia plena e de fato. Esses mesmos regulamentos contrariam sua própria base de sustentação, a disciplina, quando desrespeita a Lei Suprema do País, já que não há o acatamento integral e nem o cumprimento da Lei Constitucional.
Taxar como crime a liberdade de expressão não faz com que tal conduta seja, de fato, criminosa, visto que materialmente a liberdade de expressão se trata de uma conduta defendida e protegida pela própria Carta Magna Brasileira. Além disso, observa-se que a Constituição Federal de 1988 não faz distinção entre cidadãos civis e militares, negros ou brancos, pobres ou ricos, pois a todos é garantido a manifestação do pensamento, limitando tal direito apenas à norma constitucional.
O próprio STF, em maio de 1998, julgou o Habeas Corpus nº 75.676 - RJ, no qual figurou como paciente um militar que fora acusado de crime de publicação ou crítica indevida por ter concedido uma entrevista à rádio CBN, na qual criticou publicamente ato do Comandante Geral da PMERJ, o Governo do Estado, os cursos de formação profissional ministrados aos policiais e à política de segurança pública. No parecer do relator, Ministro Sepúlveda Pertence, asseverou que as Polícias Militares são apenas corporações militarizadas, cuja função é de policiamento ostensivo e de preservação da ordem pública, função esta eminentemente civil. Confira o entendimento do referido ministro.
Por fim, o próprio Ministerio da Justiça e a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, publicaram no fim do ano de 2010 as Diretrizes Nacionais de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos dos Profissionais de Segurança Pública, partindo da concepção de que os policiais e profissionais de segurança pública devem ser reconhecidos em sua condição de trabalhadores e trabalhadoras, cidadãos e cidadãs titulares de direitos e, especialmente, sujeitos de direitos humanos, defende o exercício do direito de opinião e a liberdade de expressão dos profissionais de segurança pública.
Matéria criada pela Sd Glaucia
O Major indignou-se em uma entrevista sobre a estrutura oferecida pelo Governo para o Corpo de Bombeiros do Estado. "Bombeiro precisa de viatura. Quem é que não sabe disso?!", desabafou o oficial superior à imprensa e completou: "Há dezesseis anos que eu não tenho condição de trabalho. Esse capacete é meu".
Confira o vídeo da entrevista do Major:
Na ocasião, o Major defendia o trabalho realizado pelos bombeiros militares no combate ao incêndio no Pavilhão do Artesanato, que foi duramente criticado pela população por haver faltado água para apagar o incêndio.
Após a declaração do Major Carlos Buriti, do Corpo de Bombeiros de Alagoas, o Secretário de Estado da Defesa Social de Alagoas, Dário César, determinou a prisão administrativa do militar por 72 horas, a qual justificou, em seu Twitter, alegando que "organizações militares são fundadas na hierarquia e disciplina e (...) qualquer tentativa de sua inobservância tem que ser reprimida", twittou o secretário.
Caso semelhante
No Rio de Janeiro, um oficial intermediário também foi preso por enviar uma mensagem de texto para o Secretário de Estado de Saúde e de Defesa Civil daquela Unidade Federativa, reivindicando mais atenção e melhorias para o Corpo de Bombeiros fluminense. Contudo, o Secretário entendeu que os termos utilizados foram desrespeitosos e ofensivos", o que acarretou doze dias de prisão para o Capitão Lauro Cesar Botto Maia.
Liberdade de Expressão para os policiais e bombeiros militares
Apesar da livre manifestação do pensamento ser o pilar principal no qual se sustenta a democracia, já que a mesma está pautada no debate livre à procura da melhor tomada de decisão para o bem comum da sociedade, as Forças Armadas, bem como as Forças Auxiliares, têm esse direito constitucional muitas vezes combatido no interior das Instituições Militares, sempre alegando o desrespeito à "Hierarquia e Disciplina".
Vejamos a definição de ambos substantivos:
- Hierarquia - Ordenação da autoridade, em níveis diferentes, dentro da estrutura das Forças Armadas e das Forças Auxiliares por postos e graduações;
- Disciplina - Rigorosa observância e acatamento integral das leis, regulamento, normas e disposições, traduzindo-se pelo perfeito cumprimento do dever por parte de todos e de cada um dos componentes do organismo policial militar.
Como dito anteriormente, a liberdade de expressão é definida como direito natural na Carta Magna do País, sendo um direito fundamental, intransferível e inerente ao direito da personalidade e à dignidade da pessoa humana. O próprio Ministro do Supremo Tribunal Federal, Marco Aurélio, sintetizou a "liberdade de expressão" como um direito fundamental do cidadão, envolvendo o pensamento, a exposição de fatos atuais ou históricos e a crítica.
Contudo, as Forças de Segurança Pública, pautados em Regulamentos Disciplinares anteriores à Constituição Federal, insistem em cercear o direito inerente ao ser humano, considerando muitas vezes crime ou transgressão o exercício da liberdade de expressão, retrocedendo ao período inquisitorial, ou pelo menos impedindo que se alcance a democracia plena e de fato. Esses mesmos regulamentos contrariam sua própria base de sustentação, a disciplina, quando desrespeita a Lei Suprema do País, já que não há o acatamento integral e nem o cumprimento da Lei Constitucional.
Taxar como crime a liberdade de expressão não faz com que tal conduta seja, de fato, criminosa, visto que materialmente a liberdade de expressão se trata de uma conduta defendida e protegida pela própria Carta Magna Brasileira. Além disso, observa-se que a Constituição Federal de 1988 não faz distinção entre cidadãos civis e militares, negros ou brancos, pobres ou ricos, pois a todos é garantido a manifestação do pensamento, limitando tal direito apenas à norma constitucional.
O próprio STF, em maio de 1998, julgou o Habeas Corpus nº 75.676 - RJ, no qual figurou como paciente um militar que fora acusado de crime de publicação ou crítica indevida por ter concedido uma entrevista à rádio CBN, na qual criticou publicamente ato do Comandante Geral da PMERJ, o Governo do Estado, os cursos de formação profissional ministrados aos policiais e à política de segurança pública. No parecer do relator, Ministro Sepúlveda Pertence, asseverou que as Polícias Militares são apenas corporações militarizadas, cuja função é de policiamento ostensivo e de preservação da ordem pública, função esta eminentemente civil. Confira o entendimento do referido ministro.
"Ora, ao contrário do que ocorre com as Forças Armadas, que são instituições militares pela sua própria natureza, as Polícias Militares, cuja função de policiamento ostensivo e de preservação da ordem pública é eminentemente civil, são apenas corporações militarizadas mas, nem por isso, assumem, contra a natureza das coisas, status de instituições militares (...) Em verdade, submeter o policial militar às proibições do artigo 166 do Código Penal Militar, sequer se cogitando de manifestações ofensivas, representa clara limitação à livre manifestação do pensamento e estabelecimento de uma forma de censura"
Por fim, o próprio Ministerio da Justiça e a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, publicaram no fim do ano de 2010 as Diretrizes Nacionais de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos dos Profissionais de Segurança Pública, partindo da concepção de que os policiais e profissionais de segurança pública devem ser reconhecidos em sua condição de trabalhadores e trabalhadoras, cidadãos e cidadãs titulares de direitos e, especialmente, sujeitos de direitos humanos, defende o exercício do direito de opinião e a liberdade de expressão dos profissionais de segurança pública.
Matéria criada pela Sd Glaucia
Fonte: Blog da Soldado Glaucia.
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